quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Camuflada madrugada



















     Nublada, ligeiramente misteriosa e estrategicamente submersa por um frio áspero. (Saí de casa.) Era hora de me guiar pelas ruas da cidade e encontrar a carne viva e deambulante que reside amolgadamente por entre papelão. Tão amarga me deixa essa visão. Tão angustiada me deixa a cor da pobreza e sobretudo a pincelada dura da solidão. Ainda assim a cidade é isto. (Vou ao quiosque.) Paro para comprar um isqueiro. Pois em mais uma tentativa de procura-lo apercebo-me que mais uma vez perdi-o. Trago também como brinde um bom dia de desprezo e ainda um obrigado de ingratidão para terminar. Mas que mais se pode pedir a uma senhora de olhar morto?! Julgo que já todos assim o estamos. Mas tantos são aqueles que o escondem como aqueles que o disfarçam. (Sigo para o rio.) Alcanço em pequenas proporções lascas infinitas de água e atiro-me. Recaio debruçada sobre o espelho horizontal. Apercebendo-me assim de que nada se vê. Encontrei ali um camuflado subtil da vida. (Segui.)     

1 comentário:

  1. Oh, obrigada eu!! Por me incentivares a voltar a pegar nas palavras (: E isto aqui, está demais**

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