domingo, 26 de abril de 2009


É assim que respiro a palavra de 7 letras, Saudade. Olhando a Web a apontar para mim, vendo os lápis de cor a chamar pelo seu uso, ainda assim, respiro Saudade.
É aqui e ali, que tento a todo o custo não lembrar, apagar a imagem, olhar pela janela e não ver o reflexo errado. É a escrever este texto que as palavras notam o seu peso, reclamam com gritos silenciosos e tentam fugir do ecrã de forma invisível (mal sabem elas o quanto são importantes).
Ouvindo também o barulho vindo da TV, repenso no passado bem próximo, passado esse que se agita nos meus pensamentos. A língua inglesa vinda da TV leva-me a crer que é um daqueles filmes românticos, que de nada vale, de que em nada se compara, é apenas algo que eu consigo ignorar perfeitamente. Com tudo, há algo que por muito que diga que ignoro, nunca o consigo. Há aquela palavra de 7 letras que vagueia em mim, a Saudade, aquele sentimento que acho desnecessário. Preferia não o conhecer, preferia não ser vulnerável a esse sentimento. Mas, agora, nada tenho a fazer.
Passo a mão na mesa de madeira e sinto um arrepio, presencio aquilo que esta na minha mente, agora, a passar neste mesmo ecrã. Tão desejável, imagem tão poderosa e carinhosa ao mesmo tempo. Mas desvio o olhar, não quero deixar-me levar, tento antes suster a respiração e mergulhar nestas palavras. O mergulho é profundo, ou melhor, a queda é profunda, porque ao suster a respiração apenas aguento a Saudade dentro de mim mais algum tempo.
Tento por vezes ocultar os sentimentos, mas talvez seja demasiado transparente ou então demasiado pequena.
Depois, só com a minha mão sobre o rato deste PC ou agarrando firmemente uma caneta , consigo olhar sobre mim própria de uma outra maneira. Relendo o que escrevo observo que me descrevo por completo em cada palavra, mesmo que não a perceba. É sempre verdadeiro, porem, nem sempre quero concordar com o que escrevo, muito menos com o que sinto.
Ate ao pousar os olhos sobre o meu edredom, de contraste preto e branco, espero ver mais que isso. Porque não cor? Era talvez mais aconselhável nesta altura, neste tempo presente.
E as 7 letras da palavra Saudade, são também elas as 7 letras da palavra Sorriso. É isso que me atormenta, é essa imagem que não sai do meu pensamento. Escrevo-o, desenho-o, pinto-o, quero-o.
Acabo de pensar que fraquejei, pois é mesmo isso que me sinto, fraca. Ridículo. Até a folha em branco do caderno mais riscado esta a rir-se na minha cara. Já para não falar da folha de papel vegetal, na qual fiz o esboço do desenho que entreguei, esta dentro do armário mas ainda assim oiço o seu riso de gozo. Serão apenas as folhas a rirem-se de mim?
Pego os óculos outra hora esquecidos, e apercebo-me que não muda nada do que vejo ao pólos. Tenho ao meu lado esquerdo um livro de Virgílio Ferreira; do meu lado direito, em cima da cama, esta a minha mala escancarada, como que querendo que algo entre para ai poder fechar; nas minhas costas continua a TV ligada para os pensamentos do mundo; á minha frente esta este texto, transbordando de verdades e negações; por fim, dentro de mim, esta o sentimento...
Quero agora dar fim a isto, mas vendo bem não escrevi nada de concreto. Tentei por aqui aquilo que realmente queria deixar sair para fora do meu pensamento, mas parece que não sai nada concreto, é tudo um quase nada. Sei apenas que há um Sorriso que deixa Saudade, acompanhado de milhares de outras negações e milhares de outras ilusões.



Neste momento estou-me a lixar para o pensamento dos outros -.-'

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