A loja estava coberta por lençóis brancos, eu estava la dentro e rodopiava imponentemente pelo salão aberto ao nada. Havia uma suave brisa que elevava os lençóis numa dança melancólica e fresca, o meu vestido também se erguia com o movimento e a junção da brisa, mas num sentido diferente.
A loja ia fechar, ia acabar, ia cair em esquecimento...e eu ia acordar.
Estava a chover la fora e eu contava as gotas que batiam violentamente no vidro da janela impotente. Tentei invalidamente abrir a portada da janela, mas já era velha e estava com ferrugem, foi em vão aquela tentativa de invasão. Voltei para os lençóis brancos da minha cama, sentia-me la protegida. Ainda assim olhava para a janela. Estava envolvida naquela cortina surreal e queria passar para o outro lado. Á dias que o queria fazer, á dias que chovia sem parar a ninguem se preocupava. Eu queria sol, eu queria alegria e luz. Mas ao mesmo tempo eu sou escuridão e melancolia, eu sou a chuva nº...