quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Portadas fechadas

Dentro de um quarto, perco-me a olhar para ti (sempre tão robusto e confiante) Junto á varanda imposta por ti, de portadas semi-abertas, reutilizo as palavras deitadas ao lixo e confesso aquilo que se encosta á parede Digo (sem ouvires) aquilo mais retalhado e despedaçado que podes encontrar Mas tu afinal não estas ali Escondo-me então noutro quarto, mais desenquadrado e sem musica (não estas mais a cantar para mim) Abro uma outra janela, tão piquena e sem graça, onde ainda assim espreito debruçada sobre os pensamentos Olho depois a vela que tenta dar nas vistas com a sua agitação infernal e vejo-te, mesmo não querendo, delineado na sua chama quente (Acordou um vendaval la fora) Apagaste-te repentinamente pela corrente forte de ar rasgante Agora olho o vazio e tento a todo o custo descobrir algo que me tire a visão rodopiante de ti Mas este quarto absorve visões e memorias, de modo cruel e falsificado Como uns 'alguns outros dias' É a lua la fora, agora, que me faz olhar sem ser num vazio de tudo e nada Mas até essa beleza natural se torna complicada de observar, a luz embate na minha vista real e já não preparada
(Fechei a janela?)